sábado, 2 de abril de 2016

A Mulher nos tempos bíblicos

Falar sobre costumes das mulheres da antiguidade não é tarefa fácil. Mas queremos com essa exposição fornecer, ao menos um pouco de informações sobre a situação social em que viviam essas mulheres.
 
Por Simone Cabral
 
 
Introdução

Não somente focalizando as mulheres no Antigo e Novo Testamento, procuramos também mostrar algumas facetas do cotidiano feminino de outros povos como: egípcios, gregos e romanos.
Apresentamos no decorrer do trabalho não só informações gerais, mas algumas curiosidades desses povos relativos ao universo feminino.
Para contamos com pesquisas bibliográficas em sites da internet e em livros especializados no assunto.
Esperamos que essas informações nos levem a refletir sobre toda a contribuição das mulheres na formação sociedade.

 

II - As crianças


No Oriente a falta de filhos sempre foi vista como calamidade; dizia-se que a felicidade era proporcional ao numero de filhos e, de modo especial, de filhos homens. Quando chegava o primogênito masculino, a progenitora passava a chamar-se “a mãe de... e deixava de ser a filha de...”. O nascimento de uma filha não era recebido com tanta alegria por causa de sua posição subordinada. Ela representava um bem para a família só na qualidade de força de trabalho.
Após o parto se esfregava com sal a pele do bebê para revigorá-lo; depois ele era enfaixado de modo bastante apertado pra que seus membros crescessem perfeitos.  Era-lhe dado um nome escolhido cuidadosamente; o nome indicava alguma presumida qualidade moral ou física presente na criança. O filho homem era circuncidado ao oitavo dia. O primogênito era resgatado após um mês com uma oferta feita ao sacerdote. A desmama se verificava entre dois a três anos.
Na época do Antigo Testamento não existiam escolas para as crianças das famílias simples. Essas aprendiam do pai e da mãe as coisas necessárias para a vida de cada dia e de seus lábios aprendiam também a lei e o significado das festas religiosas. No tempo de Jesus, a educação da filha dependia ainda completamente da mãe; os meninos, porém, ao atingirem a idade de seis anos, freqüentavam a escola anexa à sinagoga. O único livro de texto para prender o conhecimento da história, da geografia, da literatura e da lei do seu povo era o Antigo Testamento. Se um menino se mostrava particularmente inteligente, podia ser enviado a Jerusalém para aí sentar-se aos pés de algum rabi erudito e assimilar seu conhecimento.
O menino hebreu, além de conhecer a lei, devia também aprender uma profissão. Era tarefa de o pai ensiná-la, assim como era tarefa sua ensinar o significado das festas. Ao chegar à idade dos treze anos, ele se tornava um “bar-mitzvah”, um filho da lei e, do ponto de vista religioso, era considerado um homem adulto. Passava a fazer parte da “minyan”, o grupo  de dez homens adultos, em cuja ausência não era possível celebrar um ofício religioso sinagogal. No primeiro sábado sucessivo ele lia a lei em hebraico e recebia a benção do chefe da sinagoga.  

III - As mulheres em outros povos

 

1 - Casamento das mulheres romanas

Ao longo da República romana podemos verificar que a relação legítima, ou seja, o matrimônio representava, para a aristocracia, uma prática de sucessão e de transmissão de bens através de herdeiros, levando-se em consideração uma série de interesses específicos como o valor do dote, uma herança e alianças políticas. O casamento constituía, principalmente, um ato político dirigido para estabelecer entre as famílias um pacto de ajuda mútua relativo à vida familiar e política; enfim, uma instituição marcada pelo estigma estratégico.
Com isto, uma jovem aristocrática era zelosamente "guardada" para o casamento e o seu futuro esposo era escolhido por seu pai.
Contudo, os motivos que estimulavam estas alianças tendiam a se modificar com a transformação do regime político. As carreiras republicanas, com suas eleições e a luta permanente pelo poder, conduziam a alianças políticas entre as famílias que, com o império, diminuíam sua importância.
No início do Império já era possível perceber aspectos de crise pelo qual atravessava a instituição matrimonial, com a multiplicação dos divórcios, à extensão do concubinato e a diminuição do número de crianças legítimas. O próprio imperador Otávio César Augusto (27 a.C. a 14 d.C.), preocupado com a situação, fez uma série de revisões nas leis que regulamentavam o comportamento social, tentando resgatar os valores aristocráticos colocados em questão. Isso inibiu o casamento entre pessoas muito jovens; a freqüente mudança de matrimônio e impôs um limite aos divórcios. Ele próprio reconheceu publicamente os escândalos da casa imperial quando baniu a sua filha Júlia por suas e orgias noturnas; posteriormente também o fez o imperador Nero (54 a 68 d.C.) através da denúncia do adultério de sua esposa Otávia. Essa atitude caracterizava o reconhecimento público do pai ou do marido da mulher que cometera a falta, a sua não complacência com o vício e uma maneira de inibi-lo na sociedade.

2 – O casamento por leilão das mulheres assírias – por Heródoto de Halicarnassos (484-425 a.C.), 

“Falarei, a seguir, de seus costumes; este é o mais sábio, em nossa opinião, e fui informado de que os ênetos da Ilíria também o seguem. Em cada aldeia, uma vez cada ano, procediam deste modo: assim que as donzelas chegavam à época de casar eram todas reunidas e levadas a um lugar e uma multidão de homens ficava de pé em volta delas; um arauto fazia, então, cada uma delas se levantar e punha à venda; primeiro, a mais bonita de todas e assim que ela era vendida, por muito dinheiro, ele anunciava outra, a que era mais bonita depois daquela; e elas eram vendidas para casamento. Efetivamente, os que eram prósperos entre os babilônios e queriam se casar ultrapassavam uns aos outros e compravam a esposa mais bela; aqueles do povo que queriam se casar e não tinham nenhuma utilidade para a aparência, podiam pegar as donzelas feias e dinheiro também.
Efetivamente, quando o arauto terminava de vender as donzelas mais belas, fazia também se levantar a mais desgraciosa ou uma estropiada, se havia alguma, e a oferecia a quem quer que, para pegá-la e viver com ela, queria a menor quantidade de dinheiro, até ela ser entregue como esposa ao que se comprometia pela menor quantidade. O dinheiro vinha da venda das donzelas bonitas, e desse modo as de belas formas produziam o casamento das feias e das estropiadas. E não era permitido dar a própria filha em casamento a quem quer que se desejasse, nem levar para casa a donzela adquirida sem dar uma garantia: era necessário oferecer um fiador para garantir que iria viver com ela, e então podia levá-la.
E se eles não se dessem bem, o costume mandava devolver o dinheiro. Era também permitido, querendo, vir de outra aldeia para comprar.
Este era, portanto, o mais belo costume que eles tinham; atualmente, porém, ele não existe mais. Eles inventaram outro, ultimamente, para que as donzelas não fossem maltratadas e nem levadas para outra cidade. (...) “[1] 

 

IV – Mulheres e partos da Antiguidade

 

1 - As Egípcias

Os egípcios antigos davam cuidadosa atenção à patologia obstétrica e ginecológica e as práticas cirúrgicas, entre as quais ele classifica a obstetrícia.
No Egito antigo, por ser considerada um dom divino, a medicina era praticada em estreita relação com as atividades religiosas, sendo conduzida em templos-hospitais.

[1] Heródoto de Halicarnassos (484-425 a.C.), apelidado por Cícero de "pai da História" (2), é um dos mais antigos prosadores gregos cuja obra chegou intacta aos nossos dias. Nasceu em Halicarnassos, na Ásia Menor, mas conheceu o Egito, a Fenícia, a Mesopotâmia, a terra dos citas (norte do Mar Negro), Cirene (norte da África) e a Grécia Continental — uma viagem e tanto, para a época.
Um dos mais curiosos relatos de nosso incansável viajante é o que detalha o sistema de "casamento por leilão" (I, 196), atribuído por ele aos antigos assírios (3) e aos ênetos, povo da Ilíria (4) que vivia perto do Mar Adriático.

Alguns templos funcionavam verdadeiras escolas onde, sem dúvida, se estudava também a medicina. Entre as mais famosas estavam as de Mênfis e a da deusa Neith, em Saïs. Esta última, cujo ensino devia compreender a ginecologia e a cirurgia, foi destruída e logo reconstruída no século VI a.C
O templo de Ísis Médica, localizado próximo a Alexandria, existiu até o século V, quando foi destruído por Cirilo, arcebispo daquela cidade, que denunciou Ísis como "demônio odioso" e ordenou que uma igreja cristã fosse construída sobre as ruínas.
Ísis era entre os egípcios a deusa protetora da medicina, da espécie humana, da magia, dos encantamentos, da fecundidade, da maternidade, e protetora das mulheres em todos os problemas peculiares a este sexo. Além dela havia outras divindades, como Anuquet, deusa da fertilidade; Bes, protetora do parto.
O Egito do período dinástico (3000 a.C.-332 d.C.) teria sido o melhor lugar da Antiguidade para se nascer mulher. No final desse período, o historiador grego Heródoto conta, perplexo, que os egípcios, em algumas de "suas maneiras e costumes, fazem o exato oposto das práticas comuns do ser homem. Por exemplo, as mulheres vão ao mercado e ao comércio, enquanto os homens ficam em casa sentados tecendo no tear". As mulheres gozavam de independência legal, social e sexual muito maior que suas contemporâneas gregas e romanas; tinham direito de propriedade e de comercialização de bens, trabalhavam fora de casa, podiam casar com estrangeiros e morar sozinhas, sem a presença de um guardião masculino. Se tivessem a sorte de pertencer a uma família real, eventualmente assumiam o trono.

Uma das rainhas egípcias mais famosas foi Hatchepsut[2], que reinou de 1503 a 1482 a.C. Ela teria impulsionado o papel das mulheres na arte de curar e seu reinado coincide com a idade áurea da cultura egípcia. A ela é atribuída à fundação de três escolas médicas e o desenvolvimento dos jardins botânicos e de ervas medicinais, assim como o estudo e a divulgação do uso dessas plantas.
O alto status social que as mulheres gozavam no Egito antigo refletia-se na soberania de Ísis, e a introdução do culto dessa deusa na Grécia e em Roma coincide com as fases de maior valorização das mulheres na cultura greco-romana. A religião de Ísis era aberta a todos - homens e mulheres, escravos, ricos e aristocratas.
As mulheres egípcias trabalhavam, entre outras ocupações, como sacerdotisas, músicas, farmacêuticas e administradoras. Ilustrações desse período mostram mulheres com seus papiros.
Sabemos dos partos entre as egípcias a partir do que diziam os papiros que foram preservados e decifrados, suplementados pela evidência arqueológica.

[2] Sua trajetória esta citada em detalhes no ponto III. 3

Os homens não participavam da assistência ao parto, mas há evidências de que, em casos de complicações, praticavam a craniotomia e outras formas do que veio a ser chamado de "obstetrícia destrutiva". As descrições das cadeiras de parir, nos papiros, datam de antes de 2500 a.C. Algumas eram fixas, de tijolo; outras, móveis, de madeira.
O papiro de Kahun, de cerca de 1850 a.C., que se supõe ser a cópia de um texto muito mais antigo, contém dezessete prescrições e orientações sobre gravidez e fertilidade, abordando também o prurido vulvar, o prolapso e o câncer uterinos, infecções do trato reprodutivo e urinário, além de técnicas para a escolha do sexo da criança. Menciona ainda um contraceptivo de barreira, feito com excremento seco de crocodilo, em forma de esponja, que, embebida em vinagre, era colocada no fundo da vagina. No papiro de Ebers (cerca de 1550 a.C.), de 108 páginas, são encontradas orientações de assistência à parturiente, incluindo prescrições para a indução do parto, estimular a lactação e tratar as doenças dos seios, assim como para regular a menstruação, tratar e prevenir as leucorréias e corrigir. Nos registros do papiro são identificados a gonorréia e o câncer de útero. Os tratamentos eram administrados pela boca, por irrigação ou fumigação vaginal, ou pela inserção de pessários de linho embebidos com a medicação. Usavam-se afrodisíacos e preparações espermicidas à base de ácido lático.
Os papiros de Berlim, de cerca de 1300 a 1600 a.C., abordam as doenças do seio, a infertilidade e afrodisíacos. Esses papiros, assim como os de Carlsberg, descrevem os testes de gravidez realizados naquela época: pedia-se para a possível grávida embeber com sua urina dois saquinhos de tecido, um contendo sementes de cevada e o outro, de areia; se os dois germinassem, a mulher estava grávida. "O experimento tem sido repetido e até chega a funcionar!", pois os hormônios contidos na urina da mulher grávida podem estimular a germinação do conteúdo dos saquinhos.

 

2 - Na cultura Hebraica

 

Mesmo na Antiguidade há registros de cenários e personagens da ritualística da concepção e do parto, bastante diversos, em que a posição da mulher é nitidamente diferente daquela que podemos identificar entre os egípcios e em povos próximos. Na cultura hebraica, por exemplo, encontrarmos, em relação ao sistema genealógico patriarcal, o registro mítico de uma participação feminina na cena do parto, não menos impregnada de sentido ritual, celebratório, do que o observado entre as egípcias. Verificamos, porém, a presença feminina numa posição que é menos a da autoridade que a da resistência a ela; percebemos a mulher como uma espécie de sacerdotisa, uma celebrante da astúcia prática de algo como uma "razão vital", que recusa os limites da ordem dos homens (no duplo sentido institucional e de gênero) e que se liga profundamente à reprodução num sentido afetivo, simbólico, transcendental.
Entre as hebréias, as parteiras eram chamadas meyaledeth são citadas no Êxodo. Durante o cativeiro dos hebreus no Egito, o faraó disse às parteiras dos hebreus: "Quando ajudardes as mulheres dos hebreus a dar à luz, olhai o sexo da criança. Se for um menino, matai-o. Se for uma menina, deixai-a viver". Como as parteiras desobedeciam, o faraó convocou-as para se explicarem, ao que elas responderam:

"As mulheres dos hebreus não são como as egípcias; são cheias de vida; antes da parteira chegar, já deram à luz." Deus tornou as parteiras eficazes, e o povo cresceu e se tornou bem forte" (Êxodo, 1:13-20)
Estas foram as primeiras parteiras de que a história guardou os nomes, "embora na biblioteca de Assurbanipal, rei da Assíria (século VII a.C.), tenham sido encontrados textos, em caracteres cuneiformes, atinentes à assistência ao parto por mulheres, de cerca de 2500 a.C." .
Supomos que um dos motivos da ausência dos varões na cena do parto eram os severos preceitos higiênico-religiosos dos hebreus, que, como os de muitos pagãos, atestam a crença no perigo extremo das secreções vaginais, tanto a menstruação quanto os lóquios; as mulheres nessas condições contaminavam tudo o que tocassem. De acordo com o Levítico, "quando um homem se deita com uma mulher menstruada e descobre a nudez dela, já que ele desnudou a fonte do sangue que ela está perdendo, e ela mesma por a descoberta esta fonte, os dois serão cortados do meio do povo" (Lv, 20:18) . As mulheres permaneciam impuras depois do parto, por 33 dias se parisse menino e 66 dias, se menina, e, depois desse prazo, para se purificarem, deveriam oferecer em holocausto um cordeiro de um ano e duas rolinhas ou pombos para um sacrifício pelo pecado (Lv, 12:1-8).

Fragmentos dos manuscritos da sinagoga de Ben Ezra, possivelmente uma parte do Eclesiásticos, mostram o conhecimento, entre os antigos hebreus, das técnicas de assistência à reprodução, incluindo a descrição do tratamento do sangramento uterino, instruções para o diagnóstico precoce da gravidez e para a indução do aborto.

3 - A maiêutica das gregas

Entre os gregos, a atenção à gravidez e ao parto era chamada maiêutica, palavra que, vem do grego maieutikós, "concernente ao parto"; a raiz, maia, traduz-se por "parteira, ama ou avó vem do grego maieutikós, "concernente ao parto"; a raiz, maia, traduz-se por "parteira, ama ou avó". A deusa Maia, ou Maya , "avó da mágica", era a protetora dos partos, mãe de Hermes, conhecida também como uma das Plêiades
As maieutas inspiravam grande respeito. Elas visitavam as mulheres antes do parto e as orientavam, durante a gravidez, a se alimentarem bem, a evitarem o excesso de sal e de álcool, e a fazerem exercícios.
As mulheres gestantes eram tratadas com vários privilégios, e em Atenas, "a casa da mulher grávida era considerado um asilo inviolável, um santuário sagrado, onde até o criminoso encontrava refúgio seguro". Em Esparta, a grávida deveria ser poupada de presenciar situações violentas, devendo estar ocupada com o que lhe causasse boa impressão.
A educação física estava entre os preceitos da euteknia, a bênção de filhos bons e sadios dos gregos, incluindo a instituição de corridas e concursos de força entre mulheres, à semelhança dos existentes para os homens. Como argumenta Platão na "República", "se a mulher é capaz de fazer grandes coisas em matéria de medicina ou de música, porque elas não podem fazer também na ginástica e no manejo de armas?". Esta referência sugere de forma surpreendente a importância das mulheres na arte de curar e em outras atividades públicas socialmente valorizadas na Grécia de então.
Na gravidez, a relação sexual era tida como benéfica; Hipócrates a recomendava, e Aristóteles a indicava especialmente antes do parto, para encurtar o processo. O parto ocorria em casa; a parturiente era assistida por uma maieuta e por três ou quatro amigas ou parentas, e os físicos eram chamados apenas na ocorrência de complicações. As maieutas eram geralmente mulheres que tinham parido filhos e estavam na menopausa, como descreve Sócrates a Teeteto:

"Sabes, julgo eu, que nenhuma mulher se faz maieuta de outras mulheres enquanto ainda for capaz de conceber e de dar à luz [...] Diz-se que este costume vem de Artêmis . [...] ela não permitiu às mulheres estéreis serem maieutas, pois a natureza humana é demasiado frágil para exercerem um ofício cuja experiência não possuem; e foi às mulheres que já passaram da idade de dar à luz que ela confiou tal tarefa, a fim de homenagear a semelhança que têm com ela" (Platão).
A partir da menopausa as mulheres mudavam de status social e podiam circular desacompanhadas, o que propiciava o ofício da maiêutica.
Várias graduações de maieutas eram reconhecidas, e aquelas com conhecimentos de dietética, cirurgia e farmácia eram as mais valorizadas.

Sócrates nos conta que:

"As maieutas também podem, por meio de medicinas e encantações, suscitar as dores do parto e suavizá-las, se assim se quiser, fazer parir as mulheres com dificuldades de desembaraçar-se e, até provocar o aborto do feto se o acharem conveniente" (Platão).

Durante o parto, a maieuta supervisionava o uso dos medicamentos. Seu trabalho estava relacionado aos cultos religiosos e ela conduzia encantamentos às deusas da gravidez e do parto, como Ilítia , Artêmis e Hera. Usavam-se a cadeira obstétrica, drogas para acelerar o parto, entre elas a artemísia, e massagens vaginais com óleo aquecido durante o parto. Os exercícios respiratórios para aliviar a dor eram bastante utilizados e foram defendidos por Aristóteles e Hipócrates (460-377 a.C.) Hipócrates foi de grande influência nos preceitos obstétricos, compendiando e difundindo, reformados, os conhecimentos que a tradição recolhera e conservara.
Na Grécia antiga, "o conhecimento e o saber empírico sobre a parturição permaneceram com as parteiras, que mantinham estreitas relações com os filósofos da época". Estava nas atribuições da maieuta arranjar e celebrar casamentos, escolhendo as parcerias consideradas mais adequadas, e elas tinham grande saber sobre afrodisíacos. Sócrates explica a Teeteto: "às autênticas maieutas, e só a elas, pertence ajustar bem os casamentos", de maneira a propiciar os filhos mais perfeitos
A maieuta, quando avaliava se valia à pena criar o recém-nascido, poderia recomendar a exposição quando se tratava de gravidez indesejada, prematuros, malformados, meninas em famílias que preferiam meninos mais valorizados; ou meninos, em famílias que já tinham o número considerado adequado de herdeiros varões.
Ela era também encarregada da contracepção - para a qual usava espermicidas e métodos de barreira - e do aborto, que era legal e dependia do consentimento do marido, caso houvesse algum. Aristóteles achava que o aborto era obrigatório nos casos de "contravenção" às normas reprodutivas, como o excesso de filhos. Apenas a maieuta fazia abortos, que eram vedados aos médicos
As maieutas gozavam de um status social muito elevado entre 800 e 500 a.C., mas este teria declinado em poucos séculos, de modo que Agnosdike (ou Agnosdice ou Hagnosdice), famosa física e maieuta ateniense, que viveu entre os séculos IV e III aC, teve de se disfarçar de homem para estudar medicina, no período em que essa prática foi proibida às mulheres

4 - A Obstetrix romana

Entre as romanas, existia um "culto obstétrico popular", o de Juno Lucina. Lucina Dea (deusa que dá à luz) era o termo aplicado tanto a Juno quanto a Diana em suas tarefas relativas ao parto. Seu nome deriva de lux, "luz", visto ser quem dava o nascituro à luz, donde deriva a expressão que usamos hoje
Sabe-se que entre os romanos as mulheres praticavam a medicina, e segundo a própria Mettler, as mulheres chamadas medicas eram numericamente expressivas, e não praticavam apenas a obstetrícia. As mulheres médicas de Roma que, acompanhadas de seus escravos, examinavam a urina, aplicavam sanguessugas e utilizavam a papoula como anestésico nas cirurgias além das médicas, que eram numerosas, havia as obstetrix, as ornatrix, que cuidavam da cosmética e, segundo inscrições nos túmulos romanos
As mulheres médicas, romanas ou estrangeiras, praticaram em Roma onde gozavam grande liberdade e, de longe, muito mais consideração que em qualquer outra localidade do mundo Mediterrâneo. A maior parte de seus conhecimentos médicos era de natureza prática, pois as escolas médicas não eram abertas às mulheres.
O que vem a ser uma obstetrix? É toda mulher que examina as mulheres, instruída e perita na arte de tratar com eficiência; de tal maneira que é capaz de curar as doenças delas todas.

Conclusão


Olhando para todos estes costumes e práticas das mulheres da antiguidade podemos refletir a posição da mulher netas épocas.
Vemos que as mulheres, apesar de muitas vezes marginalizadas pelos homens, consideradas apenas como força de trabalho, ou como simples fonte de reprodução, sempre tiveram sua importância na sociedade.
 Podemos perceber isso quando observamos nestes relatos históricos sobre as parteiras o quanto essas mulheres eram importantes e influentes no meio em que viviam e como contribuíram para a “ciência” média em sua época, além de deixarem um legado de experimentos, que com certeza, serviram para estudos mais aprofundados em época posteriores.
Concluímos este trabalho tendo a certeza da importante contribuição feminina na formação da historia.

Bibliografia


PACKER, J.L e outros, O mundo do Antigo Testamento. 8º ed. São Paulo: Vida, 2002.
VEYNE, Paul – organizador História da vida privada. V1. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
ALEXANDER, Pat e David – editores, O mundo da Bíblia. São Paulo: Paulinas, 1985
GOSSMANN, Elisabeth – coordenação, Dicionário de Teologia Feminista. Petrópolis. Vozes, 1996
DOUGLAS J. D. – organizador, O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995

Sites:
www.mulheres.org/parto/mestrado   - data 10/06/2004

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