Falar
sobre costumes das mulheres da antiguidade não é tarefa fácil. Mas
queremos com essa exposição fornecer, ao menos um pouco de informações
sobre a situação social em que viviam essas mulheres.
Por Simone Cabral
Introdução
Não
somente focalizando as mulheres no Antigo e Novo Testamento, procuramos
também mostrar algumas facetas do cotidiano feminino de outros povos
como: egípcios, gregos e romanos.
Apresentamos
no decorrer do trabalho não só informações gerais, mas algumas
curiosidades desses povos relativos ao universo feminino.
Para contamos com pesquisas bibliográficas em sites da internet e em livros especializados no assunto.
Esperamos que essas informações nos levem a refletir sobre toda a contribuição das mulheres na formação sociedade.
II - As crianças
No
Oriente a falta de filhos sempre foi vista como calamidade; dizia-se
que a felicidade era proporcional ao numero de filhos e, de modo
especial, de filhos homens. Quando chegava o primogênito masculino, a
progenitora passava a chamar-se “a mãe de... e deixava de ser a filha
de...”. O nascimento de uma filha não era recebido com tanta alegria por
causa de sua posição subordinada. Ela representava um bem para a
família só na qualidade de força de trabalho.
Após
o parto se esfregava com sal a pele do bebê para revigorá-lo; depois
ele era enfaixado de modo bastante apertado pra que seus membros
crescessem perfeitos. Era-lhe
dado um nome escolhido cuidadosamente; o nome indicava alguma presumida
qualidade moral ou física presente na criança. O filho homem era
circuncidado ao oitavo dia. O primogênito era resgatado após um mês com
uma oferta feita ao sacerdote. A desmama se verificava entre dois a três
anos.
Na
época do Antigo Testamento não existiam escolas para as crianças das
famílias simples. Essas aprendiam do pai e da mãe as coisas necessárias
para a vida de cada dia e de seus lábios aprendiam também a lei e o
significado das festas religiosas. No tempo de Jesus, a educação da
filha dependia ainda completamente da mãe; os meninos, porém, ao
atingirem a idade de seis anos, freqüentavam a escola anexa à sinagoga. O
único livro de texto para prender o conhecimento da história, da
geografia, da literatura e da lei do seu povo era o Antigo Testamento.
Se um menino se mostrava particularmente inteligente, podia ser enviado a
Jerusalém para aí sentar-se aos pés de algum rabi erudito e assimilar
seu conhecimento.
O
menino hebreu, além de conhecer a lei, devia também aprender uma
profissão. Era tarefa de o pai ensiná-la, assim como era tarefa sua
ensinar o significado das festas. Ao chegar à idade dos treze anos, ele
se tornava um “bar-mitzvah”, um filho da lei e, do ponto de vista
religioso, era considerado um homem adulto. Passava a fazer parte da
“minyan”, o grupo de dez homens
adultos, em cuja ausência não era possível celebrar um ofício religioso
sinagogal. No primeiro sábado sucessivo ele lia a lei em hebraico e
recebia a benção do chefe da sinagoga.
III - As mulheres em outros povos
1 - Casamento das mulheres romanas
Ao
longo da República romana podemos verificar que a relação legítima, ou
seja, o matrimônio representava, para a aristocracia, uma prática de
sucessão e de transmissão de bens através de herdeiros, levando-se em
consideração uma série de interesses específicos como o valor do dote,
uma herança e alianças políticas. O casamento constituía,
principalmente, um ato político dirigido para estabelecer entre as
famílias um pacto de ajuda mútua relativo à vida familiar e política;
enfim, uma instituição marcada pelo estigma estratégico.
Com isto, uma jovem aristocrática era zelosamente "guardada" para o casamento e o seu futuro esposo era escolhido por seu pai.
Contudo,
os motivos que estimulavam estas alianças tendiam a se modificar com a
transformação do regime político. As carreiras republicanas, com suas
eleições e a luta permanente pelo poder, conduziam a alianças políticas
entre as famílias que, com o império, diminuíam sua importância.
No
início do Império já era possível perceber aspectos de crise pelo qual
atravessava a instituição matrimonial, com a multiplicação dos
divórcios, à extensão do concubinato e a diminuição do número de
crianças legítimas. O próprio imperador Otávio César Augusto (27 a.C. a
14 d.C.), preocupado com a situação, fez uma série de revisões nas leis
que regulamentavam o comportamento social, tentando resgatar os valores
aristocráticos colocados em questão. Isso inibiu o casamento entre
pessoas muito jovens; a freqüente mudança de matrimônio e impôs um
limite aos divórcios. Ele próprio reconheceu publicamente os escândalos
da casa imperial quando baniu a sua filha Júlia por suas e orgias
noturnas; posteriormente também o fez o imperador Nero (54 a 68 d.C.)
através da denúncia do adultério de sua esposa Otávia. Essa atitude
caracterizava o reconhecimento público do pai ou do marido da mulher que
cometera a falta, a sua não complacência com o vício e uma maneira de
inibi-lo na sociedade.
2 – O casamento por leilão das mulheres assírias – por Heródoto de Halicarnassos (484-425 a.C.),
“Falarei,
a seguir, de seus costumes; este é o mais sábio, em nossa opinião, e
fui informado de que os ênetos da Ilíria também o seguem. Em cada
aldeia, uma vez cada ano, procediam deste modo: assim que as donzelas
chegavam à época de casar eram todas reunidas e levadas a um lugar e uma
multidão de homens ficava de pé em volta delas; um arauto fazia, então,
cada uma delas se levantar e punha à venda; primeiro, a mais bonita de
todas e assim que ela era vendida, por muito dinheiro, ele anunciava
outra, a que era mais bonita depois daquela; e elas eram vendidas para
casamento. Efetivamente, os que eram prósperos entre os babilônios e
queriam se casar ultrapassavam uns aos outros e compravam a esposa mais
bela; aqueles do povo que queriam se casar e não tinham nenhuma
utilidade para a aparência, podiam pegar as donzelas feias e dinheiro
também.
Efetivamente,
quando o arauto terminava de vender as donzelas mais belas, fazia
também se levantar a mais desgraciosa ou uma estropiada, se havia
alguma, e a oferecia a quem quer que, para pegá-la e viver com ela,
queria a menor quantidade de dinheiro, até ela ser entregue como esposa
ao que se comprometia pela menor quantidade. O dinheiro vinha da venda
das donzelas bonitas, e desse modo as de belas formas produziam o
casamento das feias e das estropiadas. E não era permitido dar a própria
filha em casamento a quem quer que se desejasse, nem levar para casa a
donzela adquirida sem dar uma garantia: era necessário oferecer um
fiador para garantir que iria viver com ela, e então podia levá-la.
E
se eles não se dessem bem, o costume mandava devolver o dinheiro. Era
também permitido, querendo, vir de outra aldeia para comprar.
Este
era, portanto, o mais belo costume que eles tinham; atualmente, porém,
ele não existe mais. Eles inventaram outro, ultimamente, para que as
donzelas não fossem maltratadas e nem levadas para outra cidade. (...) “[1]
IV – Mulheres e partos da Antiguidade
1 - As Egípcias
Os
egípcios antigos davam cuidadosa atenção à patologia obstétrica e
ginecológica e as práticas cirúrgicas, entre as quais ele classifica a
obstetrícia.
No
Egito antigo, por ser considerada um dom divino, a medicina era
praticada em estreita relação com as atividades religiosas, sendo
conduzida em templos-hospitais.
[1] Heródoto
de Halicarnassos (484-425 a.C.), apelidado por Cícero de "pai da
História" (2), é um dos mais antigos prosadores gregos cuja obra chegou
intacta aos nossos dias. Nasceu em Halicarnassos, na Ásia Menor, mas
conheceu o Egito, a Fenícia, a Mesopotâmia, a terra dos citas (norte do
Mar Negro), Cirene (norte da África) e a Grécia Continental — uma viagem
e tanto, para a época.
Um
dos mais curiosos relatos de nosso incansável viajante é o que detalha o
sistema de "casamento por leilão" (I, 196), atribuído por ele aos
antigos assírios (3) e aos ênetos, povo da Ilíria (4) que vivia perto do
Mar Adriático.
Alguns
templos funcionavam verdadeiras escolas onde, sem dúvida, se estudava
também a medicina. Entre as mais famosas estavam as de Mênfis e a da
deusa Neith, em Saïs. Esta última, cujo ensino devia compreender a
ginecologia e a cirurgia, foi destruída e logo reconstruída no século VI
a.C
O
templo de Ísis Médica, localizado próximo a Alexandria, existiu até o
século V, quando foi destruído por Cirilo, arcebispo daquela cidade, que
denunciou Ísis como "demônio odioso" e ordenou que uma igreja cristã
fosse construída sobre as ruínas.
Ísis
era entre os egípcios a deusa protetora da medicina, da espécie humana,
da magia, dos encantamentos, da fecundidade, da maternidade, e
protetora das mulheres em todos os problemas peculiares a este sexo.
Além dela havia outras divindades, como Anuquet, deusa da fertilidade;
Bes, protetora do parto.
O
Egito do período dinástico (3000 a.C.-332 d.C.) teria sido o melhor
lugar da Antiguidade para se nascer mulher. No final desse período, o
historiador grego Heródoto conta, perplexo, que os egípcios, em algumas
de "suas maneiras e costumes, fazem o exato oposto das práticas comuns
do ser homem. Por exemplo, as mulheres vão ao mercado e ao comércio,
enquanto os homens ficam em casa sentados tecendo no tear". As mulheres
gozavam de independência legal, social e sexual muito maior que suas
contemporâneas gregas e romanas; tinham direito de propriedade e de
comercialização de bens, trabalhavam fora de casa, podiam casar com
estrangeiros e morar sozinhas, sem a presença de um guardião masculino.
Se tivessem a sorte de pertencer a uma família real, eventualmente
assumiam o trono.
Uma das rainhas egípcias mais famosas foi Hatchepsut[2],
que reinou de 1503 a 1482 a.C. Ela teria impulsionado o papel das
mulheres na arte de curar e seu reinado coincide com a idade áurea da
cultura egípcia. A ela é atribuída à fundação de três escolas médicas e o
desenvolvimento dos jardins botânicos e de ervas medicinais, assim como
o estudo e a divulgação do uso dessas plantas.
O
alto status social que as mulheres gozavam no Egito antigo refletia-se
na soberania de Ísis, e a introdução do culto dessa deusa na Grécia e em
Roma coincide com as fases de maior valorização das mulheres na cultura
greco-romana. A religião de Ísis era aberta a todos - homens e
mulheres, escravos, ricos e aristocratas.
As
mulheres egípcias trabalhavam, entre outras ocupações, como
sacerdotisas, músicas, farmacêuticas e administradoras. Ilustrações
desse período mostram mulheres com seus papiros.
Sabemos
dos partos entre as egípcias a partir do que diziam os papiros que
foram preservados e decifrados, suplementados pela evidência
arqueológica.
[2] Sua trajetória esta citada em detalhes no ponto III. 3
Os
homens não participavam da assistência ao parto, mas há evidências de
que, em casos de complicações, praticavam a craniotomia e outras formas
do que veio a ser chamado de "obstetrícia destrutiva". As descrições das
cadeiras de parir, nos papiros, datam de antes de 2500 a.C. Algumas
eram fixas, de tijolo; outras, móveis, de madeira.
O
papiro de Kahun, de cerca de 1850 a.C., que se supõe ser a cópia de um
texto muito mais antigo, contém dezessete prescrições e orientações
sobre gravidez e fertilidade, abordando também o prurido vulvar, o
prolapso e o câncer uterinos, infecções do trato reprodutivo e urinário,
além de técnicas para a escolha do sexo da criança. Menciona ainda um
contraceptivo de barreira, feito com excremento seco de crocodilo, em
forma de esponja, que, embebida em vinagre, era colocada no fundo da
vagina. No papiro de Ebers (cerca de 1550 a.C.), de 108 páginas, são
encontradas orientações de assistência à parturiente, incluindo
prescrições para a indução do parto, estimular a lactação e tratar as
doenças dos seios, assim como para regular a menstruação, tratar e
prevenir as leucorréias e corrigir. Nos registros do papiro são
identificados a gonorréia e o câncer de útero. Os tratamentos eram
administrados pela boca, por irrigação ou fumigação vaginal, ou pela
inserção de pessários de linho embebidos com a medicação. Usavam-se
afrodisíacos e preparações espermicidas à base de ácido lático.
Os
papiros de Berlim, de cerca de 1300 a 1600 a.C., abordam as doenças do
seio, a infertilidade e afrodisíacos. Esses papiros, assim como os de
Carlsberg, descrevem os testes de gravidez realizados naquela época:
pedia-se para a possível grávida embeber com sua urina dois saquinhos de
tecido, um contendo sementes de cevada e o outro, de areia; se os dois
germinassem, a mulher estava grávida. "O experimento tem sido repetido e
até chega a funcionar!", pois os hormônios contidos na urina da mulher
grávida podem estimular a germinação do conteúdo dos saquinhos.
2 - Na cultura Hebraica
Mesmo
na Antiguidade há registros de cenários e personagens da ritualística
da concepção e do parto, bastante diversos, em que a posição da mulher é
nitidamente diferente daquela que podemos identificar entre os egípcios
e em povos próximos. Na cultura hebraica, por exemplo, encontrarmos, em
relação ao sistema genealógico patriarcal, o registro mítico de uma
participação feminina na cena do parto, não menos impregnada de sentido
ritual, celebratório, do que o observado entre as egípcias. Verificamos,
porém, a presença feminina numa posição que é menos a da autoridade que
a da resistência a ela; percebemos a mulher como uma espécie de
sacerdotisa, uma celebrante da astúcia prática de algo como uma "razão
vital", que recusa os limites da ordem dos homens (no duplo sentido
institucional e de gênero) e que se liga profundamente à reprodução num
sentido afetivo, simbólico, transcendental.
Entre
as hebréias, as parteiras eram chamadas meyaledeth são citadas no
Êxodo. Durante o cativeiro dos hebreus no Egito, o faraó disse às
parteiras dos hebreus: "Quando ajudardes as mulheres dos hebreus a dar à
luz, olhai o sexo da criança. Se for um menino, matai-o. Se for uma
menina, deixai-a viver". Como as parteiras desobedeciam, o faraó
convocou-as para se explicarem, ao que elas responderam:
"As
mulheres dos hebreus não são como as egípcias; são cheias de vida;
antes da parteira chegar, já deram à luz." Deus tornou as parteiras
eficazes, e o povo cresceu e se tornou bem forte" (Êxodo, 1:13-20)
Estas
foram as primeiras parteiras de que a história guardou os nomes,
"embora na biblioteca de Assurbanipal, rei da Assíria (século VII a.C.),
tenham sido encontrados textos, em caracteres cuneiformes, atinentes à
assistência ao parto por mulheres, de cerca de 2500 a.C." .
Supomos
que um dos motivos da ausência dos varões na cena do parto eram os
severos preceitos higiênico-religiosos dos hebreus, que, como os de
muitos pagãos, atestam a crença no perigo extremo das secreções
vaginais, tanto a menstruação quanto os lóquios; as mulheres nessas
condições contaminavam tudo o que tocassem. De acordo com o Levítico,
"quando um homem se deita com uma mulher menstruada e descobre a nudez
dela, já que ele desnudou a fonte do sangue que ela está perdendo, e ela
mesma por a descoberta esta fonte, os dois serão cortados do meio do
povo" (Lv, 20:18) . As mulheres permaneciam impuras depois do parto, por
33 dias se parisse menino e 66 dias, se menina, e, depois desse prazo,
para se purificarem, deveriam oferecer em holocausto um cordeiro de um
ano e duas rolinhas ou pombos para um sacrifício pelo pecado (Lv,
12:1-8).
Fragmentos
dos manuscritos da sinagoga de Ben Ezra, possivelmente uma parte do
Eclesiásticos, mostram o conhecimento, entre os antigos hebreus, das
técnicas de assistência à reprodução, incluindo a descrição do
tratamento do sangramento uterino, instruções para o diagnóstico precoce
da gravidez e para a indução do aborto.
3 - A maiêutica das gregas
Entre
os gregos, a atenção à gravidez e ao parto era chamada maiêutica,
palavra que, vem do grego maieutikós, "concernente ao parto"; a raiz,
maia, traduz-se por "parteira, ama ou avó vem do grego maieutikós,
"concernente ao parto"; a raiz, maia, traduz-se por "parteira, ama ou
avó". A deusa Maia, ou Maya , "avó da mágica", era a protetora dos
partos, mãe de Hermes, conhecida também como uma das Plêiades
As
maieutas inspiravam grande respeito. Elas visitavam as mulheres antes
do parto e as orientavam, durante a gravidez, a se alimentarem bem, a
evitarem o excesso de sal e de álcool, e a fazerem exercícios.
As
mulheres gestantes eram tratadas com vários privilégios, e em Atenas,
"a casa da mulher grávida era considerado um asilo inviolável, um
santuário sagrado, onde até o criminoso encontrava refúgio seguro". Em
Esparta, a grávida deveria ser poupada de presenciar situações
violentas, devendo estar ocupada com o que lhe causasse boa impressão.
A
educação física estava entre os preceitos da euteknia, a bênção de
filhos bons e sadios dos gregos, incluindo a instituição de corridas e
concursos de força entre mulheres, à semelhança dos existentes para os
homens. Como argumenta Platão na "República", "se a mulher é capaz de
fazer grandes coisas em matéria de medicina ou de música, porque elas
não podem fazer também na ginástica e no manejo de armas?". Esta
referência sugere de forma surpreendente a importância das mulheres na
arte de curar e em outras atividades públicas socialmente valorizadas na
Grécia de então.
Na
gravidez, a relação sexual era tida como benéfica; Hipócrates a
recomendava, e Aristóteles a indicava especialmente antes do parto, para
encurtar o processo. O parto ocorria em casa; a parturiente era
assistida por uma maieuta e por três ou quatro amigas ou parentas, e os
físicos eram chamados apenas na ocorrência de complicações. As maieutas
eram geralmente mulheres que tinham parido filhos e estavam na
menopausa, como descreve Sócrates a Teeteto:
"Sabes,
julgo eu, que nenhuma mulher se faz maieuta de outras mulheres enquanto
ainda for capaz de conceber e de dar à luz [...] Diz-se que este
costume vem de Artêmis . [...] ela não permitiu às mulheres estéreis
serem maieutas, pois a natureza humana é demasiado frágil para exercerem
um ofício cuja experiência não possuem; e foi às mulheres que já
passaram da idade de dar à luz que ela confiou tal tarefa, a fim de
homenagear a semelhança que têm com ela" (Platão).
A
partir da menopausa as mulheres mudavam de status social e podiam
circular desacompanhadas, o que propiciava o ofício da maiêutica.
Várias
graduações de maieutas eram reconhecidas, e aquelas com conhecimentos
de dietética, cirurgia e farmácia eram as mais valorizadas.
Sócrates nos conta que:
"As
maieutas também podem, por meio de medicinas e encantações, suscitar as
dores do parto e suavizá-las, se assim se quiser, fazer parir as
mulheres com dificuldades de desembaraçar-se e, até provocar o aborto do
feto se o acharem conveniente" (Platão).
Durante
o parto, a maieuta supervisionava o uso dos medicamentos. Seu trabalho
estava relacionado aos cultos religiosos e ela conduzia encantamentos às
deusas da gravidez e do parto, como Ilítia , Artêmis e Hera. Usavam-se a
cadeira obstétrica, drogas para acelerar o parto, entre elas a
artemísia, e massagens vaginais com óleo aquecido durante o parto. Os
exercícios respiratórios para aliviar a dor eram bastante utilizados e
foram defendidos por Aristóteles e Hipócrates (460-377 a.C.) Hipócrates
foi de grande influência nos preceitos obstétricos, compendiando e
difundindo, reformados, os conhecimentos que a tradição recolhera e
conservara.
Na
Grécia antiga, "o conhecimento e o saber empírico sobre a parturição
permaneceram com as parteiras, que mantinham estreitas relações com os
filósofos da época". Estava nas atribuições da maieuta arranjar e
celebrar casamentos, escolhendo as parcerias consideradas mais
adequadas, e elas tinham grande saber sobre afrodisíacos. Sócrates
explica a Teeteto: "às autênticas maieutas, e só a elas, pertence
ajustar bem os casamentos", de maneira a propiciar os filhos mais
perfeitos
A
maieuta, quando avaliava se valia à pena criar o recém-nascido, poderia
recomendar a exposição quando se tratava de gravidez indesejada,
prematuros, malformados, meninas em famílias que preferiam meninos mais
valorizados; ou meninos, em famílias que já tinham o número considerado
adequado de herdeiros varões.
Ela
era também encarregada da contracepção - para a qual usava espermicidas
e métodos de barreira - e do aborto, que era legal e dependia do
consentimento do marido, caso houvesse algum. Aristóteles achava que o
aborto era obrigatório nos casos de "contravenção" às normas
reprodutivas, como o excesso de filhos. Apenas a maieuta fazia abortos,
que eram vedados aos médicos
As
maieutas gozavam de um status social muito elevado entre 800 e 500
a.C., mas este teria declinado em poucos séculos, de modo que Agnosdike
(ou Agnosdice ou Hagnosdice), famosa física e maieuta ateniense, que
viveu entre os séculos IV e III aC, teve de se disfarçar de homem para
estudar medicina, no período em que essa prática foi proibida às
mulheres
4 - A Obstetrix romana
Entre
as romanas, existia um "culto obstétrico popular", o de Juno Lucina.
Lucina Dea (deusa que dá à luz) era o termo aplicado tanto a Juno quanto
a Diana em suas tarefas relativas ao parto. Seu nome deriva de lux,
"luz", visto ser quem dava o nascituro à luz, donde deriva a expressão
que usamos hoje
Sabe-se
que entre os romanos as mulheres praticavam a medicina, e segundo a
própria Mettler, as mulheres chamadas medicas eram numericamente
expressivas, e não praticavam apenas a obstetrícia. As mulheres médicas
de Roma que, acompanhadas de seus escravos, examinavam a urina,
aplicavam sanguessugas e utilizavam a papoula como anestésico nas
cirurgias além das médicas, que eram numerosas, havia as obstetrix, as
ornatrix, que cuidavam da cosmética e, segundo inscrições nos túmulos
romanos
As
mulheres médicas, romanas ou estrangeiras, praticaram em Roma onde
gozavam grande liberdade e, de longe, muito mais consideração que em
qualquer outra localidade do mundo Mediterrâneo. A maior parte de seus
conhecimentos médicos era de natureza prática, pois as escolas médicas
não eram abertas às mulheres.
O
que vem a ser uma obstetrix? É toda mulher que examina as mulheres,
instruída e perita na arte de tratar com eficiência; de tal maneira que é
capaz de curar as doenças delas todas.
Conclusão
Olhando para todos estes costumes e práticas das mulheres da antiguidade podemos refletir a posição da mulher netas épocas.
Vemos
que as mulheres, apesar de muitas vezes marginalizadas pelos homens,
consideradas apenas como força de trabalho, ou como simples fonte de
reprodução, sempre tiveram sua importância na sociedade.
Podemos
perceber isso quando observamos nestes relatos históricos sobre as
parteiras o quanto essas mulheres eram importantes e influentes no meio
em que viviam e como contribuíram para a “ciência” média em sua época,
além de deixarem um legado de experimentos, que com certeza, serviram
para estudos mais aprofundados em época posteriores.
Concluímos este trabalho tendo a certeza da importante contribuição feminina na formação da historia.
Bibliografia
PACKER, J.L e outros, O mundo do Antigo Testamento. 8º ed. São Paulo: Vida, 2002.
VEYNE, Paul – organizador História da vida privada. V1. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
ALEXANDER, Pat e David – editores, O mundo da Bíblia. São Paulo: Paulinas, 1985
GOSSMANN, Elisabeth – coordenação, Dicionário de Teologia Feminista. Petrópolis. Vozes, 1996
DOUGLAS J. D. – organizador, O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995
Sites:
www.historia/historiadores/xenofonte/economico - data 10/05/2004
www.mulheres.org/parto/mestrado - data 10/06/2004
Nenhum comentário:
Postar um comentário